Vereadora do PT sofre pedido de cassação por vereador do PL em São José

Vereadora do PT, Amélia Naomi, sofre pedido de cassação por vereador do PL, Thomaz Henrique, em São José dos Campos.
Amélia Naomi, vereadora do PT em São José dos Campos – Foto: Reprodução/Redes sociais

A vereadora de São José dos Campos Amélia Naomi (PT) sofreu um pedido de cassação na noite desta quinta-feira (21). O documento foi protocolado no Conselho de Ética da Câmara Municipal pelo vereador Thomaz Henrique (PL).

No documento, Thomaz aponta quebra de decoro e falsa acusação após Amélia chamar o vereador Lino Bispo (PL) de “defensor de estuprador”.

A fala aconteceu em uma sessão na Câmara Municipal nesta semana, quando os parlamentares debatiam sobre o Projeto de Lei em discussão no Senado que equipara o aborto após a 22ª semana a homicídio. Na ocasião, os vereadores joseenses aprovaram uma moção de apoio ao projeto.

Nas redes sociais, Thomaz Henrique se pronunciou sobre o pedido de cassação.

“Chega da esquerda falar tudo que quer, está na hora da Câmara Municipal dar um basta. Após 30 anos de desserviço, eu tenho coragem para enfrentar a esquerda”, escreveu.

O que diz Amélia Naomi

Durante a sessão, a vereadora Amélia Naomi se posicionou contrária ao projeto de Lei.

“Eu não defendo o projeto de estuprador. […] Isso é um retrocesso. Esse debate moral que vocês estão fazendo aqui. Nós estamos vivas. As mulheres estão na rua para dizer a esse vereador que defende estuprador”, disse, se referindo ao vereador Lino Bispo.

Segundo ela, o projeto é “cruel e desumano”.

“De tão monstruoso, ficou conhecido como PL do estuprador. […] Tratar mulheres estupradas como se fossem assassinas é covarde, é cruel, é desumano. […] O projeto quer naturalizar e incentivar a violência sexual contra crianças. […] É pela vida das mulheres. Criança não é mãe. Estuprador não é pai”, disse a vereadora.

Em nota enviada à CBN Vale, a parlamentar disse que o pedido de cassação é uma “violência política de gênero” e que a ação tem “objetivos eleitoreiros”.

“Sigo tranquila e na luta em defesa da vida e da dignidade das meninas e mulheres”, disse em nota.

PL antiaborto

O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP), afirmou nesta semana que o PL antiaborto só será analisado no 2º semestre de 2024.

O recuo se dá depois da repercussão negativa em relação ao assunto.

A urgência do texto foi aprovada no dia 12 de junho, em votação relâmpago, com cerca de 20 segundos de duração.

O Projeto de Lei 1904, conhecido como “PL antiaborto”, tem autoria do deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ). O texto propõe alterar o Código Penal para equiparar o aborto acima de 22 semanas ao crime de homicídio, mesmo em casos de violência sexual.

O documento é uma resposta da bancada evangélica a uma liminar concedida pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal. O magistrado suspendeu a decisão do Conselho Federal de Medicina, que proibia a assistolia fetal.

 

*Matéria em atualização